Quem desconhece que os gastos com bens e serviços são mal gerenciados, que atire a primeira pedra. O desafio é antigo, mas a oportunidade, grande. Estudo da consultoria McKinsey mostra que uma boa gestão é capaz de gerar resultados positivos em várias pontas, tanto ou mais do que a redução de custo de mão de obra, recurso preferido na hora de diminuir gastos.
É bom lembrar que, ao errar no corte de pessoal, o varejista pode prejudicar o atendimento e reduzir as vendas. E que uma gestão eficiente e contínua dos custos indiretos tem uma perenidade e um benefício bem menos sujeitos a trovões e tempestades.
Segundo os especialistas Steve Hoffman e Patrik Silén, o varejista tende a subestimar a importância dos custos indiretos. E isso por vários motivos. Um deles é a convicção de que certos itens são intocáveis: sejam os gastos com aluguel (que, para alguns empresários, só se renegocia em situações especiais) ou as despesas com a logística gerenciada por fornecedores (gasto quase sempre escondido no custo da mercadoria).
Aliás, para eles, a postura não deve ser de melhoria, mas de transformação. Os custos indiretos têm de ganhar prioridade e ser encarados como geradores de resultados. Mudar a atitude em relação a eles talvez seja o mais difícil. Mas existem métodos que facilitam a nova abordagem.
Elenco de problemas
As situações abaixo são mais comuns do que você imagina. Confira se acontecem na sua loja
– Falta de visibilidade dos gastos;
– Fragmentação das despesas por diferentes setores;
– A compra de equipamentos, insumos e serviços é pautada apenas por preço;
– Empresa não investe em talentos para o setor de compras;
– Equipe sem expertise para atuar em todas as áreas: contratação de agência de marketing, por exemplo;
– Terceirizados ficam à própria sorte – sem gerenciamento adequado.
Elenco de soluções
Se você identificou oportunidades para reduzir os custos indiretos em seu supermercado, é hora de partir para a ação. Conheça algumas recomendações feitas pelos especialistas da McKinsey. Muitas delas podem ser adaptadas para seu negócio
– Forme uma equipe interfuncional capaz de fazer perguntas difíceis, como o que a empresa realmente precisa e como balancear as necessidades. O time pode criar política de aquisição e estratégias para gerenciar fornecedores e processos, além das próprias demandas da empresa;
– Soluções digitais avançadas, com base em inteligência artificial, ajudam a mapear com rapidez e precisão a base das despesas, esclarecendo quem gasta, o quanto e em quê. Ajudam a extrair a ordem de compra e as faturas de vários sistemas para gerar referências sobre preços e especificações. Produzem ainda relatórios a fim de monitorar os gastos;
– Busque a opinião do cliente para avaliar, por exemplo, se é preciso elevar ou diminuir os serviços de faxina. Uma pesquisa simples com consumidores digitais, além de benchmarks com concorrentes, favorecem as decisões. Às vezes, uma área crítica, como hortifrútis, precisa de reforço, enquanto um setor menos frequentado requer menos empenho;
– Crie valor para o consumidor. Um varejista reduziu em 25% o custo de sacolas de papel, ao analisar, por meios digitais, o tamanho médio das cestas de compras e a dimensão média dos produtos. Somou a esse conhecimento uma pesquisa com o cliente no checkout e, assim, definiu as dimensões ideais. Discutindo com fornecedores, criou uma opção mais barata e com níveis corretos de resistência, além de mais alinhada com as próprias necessidades da empresa;
– Orçamento base zero, particularmente para os bens usados nas lojas, é outra recomendação. Ao determinar o custo adequado para cada loja, e acompanhar a adesão a esse orçamento, a diminuição nos gastos indiretos pode ser significativa.